Mais do que as alturas, falar perante grupos de pessoas ou plateias é recorrentemente considerada das primeiras coisas que se afirma temer.
A razão da exposição e a clara passagem da mensagem e, consequentemente, o que a assistência vai sentir e fazer são tudo questões sem resposta, até acontecerem.
A maior parte, senão todas, as exposições públicas encontram-se numa das três categorias: convencer, informar ou divertir. E o objectivo da maioria dos oradores inclui una combinação destas três.
Wodie Allen foi o primeiro a dizer “Primeiro fá-los rir e depois terás toda a sua atenção”. É uma receita importante até porque o humor pode ajudar a estabelecer uma relação amigável com a assistência. Contudo, difícil, pois como o humor tem de ser original, pode ser muito sintomático no discurso não recuperar da sensação desagradável provocada por a audiência ter fingido que achou graça.
O mais importante acho que é mesmo a qualidade. Já todos ouvimos brilhantes discursos e já todos ouvimos também péssimos discursos. Já todos assistimos a fantásticas palestras e já todos “adormecemos” também em aborrecidas palestras. Já todos tivemos aulas na faculdade imperdíveis e já todos tivemos cadeiras que não pusemos os pés numa aula (não corresponderão necessariamente as minhas faltas às de outros, pois aí vem a velha máxima “que gostos não se discutem”).
É óbvio que há também coisas básicas que não se podem fazer, tais como introduções muito palavrosas, pressas para chegar ao final, terminar com murmúrios finais e, pior que tudo, falta de boas maneiras, mas cedo aprendi a lição de que é sempre melhor ouvir um verdadeiro conhecedor, uma fonte inesgotável de saber, do que um bom pedagogo nada conhecedor.
Nunca é mau ser-se um bom orador (há a excepção de depois os ouvintes serem sempre exigentes), mas ninguém nasce ensinado, simplesmente há alguns que têm mais jeito que outros. Porque praticam? Muitos oradores inexperientes evitam este passo porque pode ser assustador, mas é lógico que a prática e a coragem ajudam.
É claro que a prática e a coragem permitem que se adquira mais confiança, que se introduzam e concluam os assuntos com mais veemência e que se utilize eficazmente a linguagem, conquistando, com mais credibilidade, as assistências. Porém, não há nada como acreditarmos mesmo naquilo que dizemos: aquilo que não é proferido, por vezes, diz mais que as palavras.
E mesmo depois de alguns anos de experimentação de “confronto” de distintas e exigentes plateias, o nervoso miudinho e o joelho que treme estão lá sempre. São depois facilmente ultrapassados pelo início e pela experiência, mas, para quem nunca experimentou, fique sabendo que só mesmo nos dias em que se sobe ao palanque é que se tem noção do tamanho da sala.