Notícia de última hora: no ranking das expressões favoritas utilizadas por comentadores e políticos, “gorduras do Estado” foi ultrapassada no primeiro lugar por “buracos na madeira”. Segundo consta, foi detectado um “big hole” orçamental nas contas da Ilha da Madeira.
À semelhança de outros escândalos, durante dias fervilham as injúrias e voam os desmentidos. Assim, estável no terceiro lugar mantém-se sempre a expressão “cabala”. Dada a sua utilização amiúde, esta, nos últimos anos, nunca apresenta grandes oscilações.
Particularmente utilizada pelos nossos políticos no sentido de “armadilha”, será que alguém, todavia, sabe ao certo o que essa expressão significa? Julgo que cumpre, talvez, por fim, explicar a sua origem. A expressão Cabala deriva do verbo hebraico lecabel, ou receber. No fundo, encerra a codificação simbólica dos mistérios do Universo com Deus no centro. De que mistério falam tanto os políticos, afinal? É que mistério só vislumbro um: ao que parece, na mesma semana em que a Justiça se declarou incompetente para julgar os antigos administradores do “nosso” banco, a “nossa” Madeira transformou-se em queijo suíço.
Existem alguns insectos que se alimentam de Madeira, deixando pequenos “buraquinhos”, que podem estragar e causar algumas alergias aos mais sensíveis. Nestes casos, um insecticida especial ataca o problema na raiz do mesmo e evita o alastramento da praga. No entanto, se o fenótipo é um daqueles insectos “calvos”, “prepotentes”, “que gostam de andar de cuecas na rua”, “donos de um profundo desrespeito por tudo e por todos”, “sem noção da realidade” e “com um estranho alto protecionismo do seu partido”, aí o caso é grave. Para que o insecticida tenha o efeito pretendido, e mais tarde a Madeira não seja novamente atacada e se estrague de uma forma definitiva, normalmente são necessárias umas algemas e uma população consciente na hora da “cruzinha”.
Julgo que seria tempo de o país habituar-se a deixar de lado esses infindáveis bichos carpinteiros, escaravelhos de uma nação, e dar mais valor aos que, como eu e provavelmente o leitor, mal devem algum dinheiro, por pouco que seja, ficam é logo com bicho-no-corpo-inteiro.