Todos os anos, em Setembro, são lançados os resultados do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior.
Após escolhidas as seis opções logo a seguir ao lançamento das notas dos Exames Nacionais, durante perto de dois meses de férias, se espera pela colocação. Finalmente saem e é tempo de mudar de vida e entrar na nova etapa, fundamental para o sucesso e desenvolvimento pessoal, de ser agora adulto e estudante universitário.
Alguns, mais entusiasmados, que ouviram relatos de irmãos mais velhos e amigos, só esperam que o momento chegue. Outros assustam-se com a nova etapa, com a eventual mudança de cidade e dúvidas de integração.
A Praxe Académica é um conjunto amplo de tradições, usos e costumes académicos que se praticam e repetem ao longo dos anos, que tem como objectivo a recepção dos novos alunos à Universidade, integrando-os.
Nos últimos anos, por notícias divulgadas amplamente pela Comunicação Social e por movimentos contra a praxe, esta tem vindo a ser conotada com abusos e situações desagradáveis.
Todavia, não parece correcto tomar o todo universitário nacional pelas partes que confundem os objectivos, e que talvez por isso merecessem ser mais claros e definidos, desta tradição secular. Sem um manual de condutas nobres, que respeite hierarquias, de uma forma verdadeiramente democrática e regulamentada, com direitos e deveres a terem de ser respeitados por todos, faz sentido que ocorram tratamentos desumanos e cruéis, discriminações ou ofensas corporais. Um código de praxe, transmitido de geração em geração, recheado de rituais de iniciação, definição de quem são os doutores (quem tem o poder de praxar) e avisos e advertências oficiais, onde estejam incluídos perdas de privilégios praxísticos em casos de abuso ou situações desagradáveis.
E, não menos importante, quem não concorda com ele, tem o direito a escolher se a ele se submete ou não, tendo noção de que se não é praxado, também não praxará. Em suma, um codece onde se destaque o bom senso e a diversão, acessível a ser lido pelos alunos mais novos, e onde estejam estabelecidos os limites, para que uma simples brincadeira não se venha a tornar num caso de polícia.
Se é verdade que alguns à saída da Universidade choram de saudade e relembram todos os episódios, outros também ficam com sequelas negativas destes momentos. E muito menos aceitável, intolerável mesmo, é que possam existir estudantes pré-universitários com medo de entrar na Universidade por causa de uma eventual praxe que os espera.
Sem querer chover no molhado, é verdade que nem todas as Instituições de Ensino Superior têm mostrado condutas correctas em relação ao espírito da praxe.
Por outro lado, também há aquelas que têm a praxe mais democratizada e instituída. Deveria existir mais trocas de experiências e passagem de informações sobre situações que já deram provas e resultados pois a entrada para a Universidade, momento em que recebemos a nossa primeira boa caneta, é um dos momentos mais importantes e marcantes que se passa na vida.
Como tal, todos deveríamos ouvir, em primeiro lugar: Bem-vindo, novo estudante. É com enorme prazer que te recebemos, de braços abertos, na nossa mui nobre Faculdade.
Publicado na revista Aula Magna
http://www.aulamagna.pt/opiniao/ano-novo-praxe-nova
O Chile, apelidado por muitos de país de políticos e escritores, foi ímpar na proliferação de intelectuais através das suas tertúlias. Imaginando-nos sentados naquelas duas cadeiras, passemos tardes em esplanadas e cafés cheios em Valparaíso, cidade magnífica do Chile, convivendo e relembrando grandes intelectuais e senhores do Mundo, declamando poemas ou literatura, contando histórias e escrevendo... na procura de que se faça luz nas nossas cabeças e se criem novos ideais. Sentem-se aí.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
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