É engraçada a palavra “causa”. Primeiro, quando procuramos o seu sentido mais imediato no Dicionário encontramos: “agente eficaz que dá existência ao que não existia; motivo, razão. Facto: falar com conhecimento de causa (…)” Se a introduzirmos no site do google.pt só aparece “…Necropsia e mortalidade por causa…”, “…Duas causas principais que explicam…” “…grupos de causas…” e lá na terceira ou quarta página encontramos “Causas nobres”.
Infelizmente, e apesar dos esforços para se conseguir a Paz no mundo, o recurso a armas é ainda um meio de resolver diferenças entre as nações, entre os povos e entre grupos étnicos com o cortejo inerente de mortes e sofrimentos.
Os governos dos países mais desenvolvidos já começaram a tirar lições dessas experiências e já procuram dar contributos para a segurança, para o estabelecimento de forças políticas e para os cuidados de saúde.
Hoje em dia, e ao cidadão comum, já é mais fácil também participar em causas. Li no outro dia que enquanto se envia e-mails ou enquanto, simplesmente, se navega pela Internet, que se pode ajudar a combater a malária, que é um dos maiores desafios humanitários em África: o paludismo, actualmente, mata mais de um milhão de pessoas por ano e é a maior causa da mortalidade infantil.
Tudo, quando se quer e se quer fazer bem, são ou podem ser causas.
Contudo, e louváveis sejam todas as formas de participação, quem merece mesmo a congratulação e o respeito por este combate são as entidades e organizações não-governamentais criadas há anos com princípios directores de causas humanitárias. Sob o lema permanente que mais do que sonhar é preciso acreditar e concretizar, passam toda a vida a lutar por causas nobres e desafios humanitários. Os Médicos Sem Fronteiras, organização fundada na década de 1970 e prémio Nobel da Paz de 1999, por exemplo, tem lutado, pondo em risco a vida de milhares de profissionais de saúde (quantos a perdem), por meses e anos a fio, sem reclamar qualquer compensação, para levar assistência às pessoas que vivem nas áreas de conflito. Temos igualmente o nosso exemplo da AMI.
E estas entidades estão em todo o Mundo: Angola, Nigéria, Quénia, República Democrática do Congo, Somália, Sudão, Ruanda, África do Sul, Benin, Burkina Fasso, Malawi, Mali, Moçambique, El Salvador, Guatemala, Haiti, Venezuela, Panamá, Peru, Filipinas, Geórgia, Índia, Arménia, Bangladesh, Macedónia, Montenegro, Roménia, Rússia, Ucrânia, Kosovo, Nepal, Paquistão, Tailândia, Turquemenistão, Uzbequistão, e tantos outros.
Sem governos centrais actuantes há décadas, as crises de fome e desnutrição, a falta de serviços básicos de saúde, como a vacinação, ou a falta de serviços de água e saneamento são os “hábitos” de alguns destes países.
Milhões de deslocados, milhões de refugiados, milhões de sequestrados.
Opressões, conflitos, negligências. A violência é, por exemplo, a principal causa de morte na Colômbia.
Todo um Mundo desconhecido e só com estes relatos é que nos apercebemos do quanto somos privilegiados.
Não existe, de facto, nada mais nobre que contribuir para a melhoria das condições de vida das populações vítimas, com testemunho. Ainda bem que existe quem se preocupe com a liberdade como causa, na democracia como causa e no evoluir do Mundo como maior causa. Parabéns a quem as abraça! Nunca é uma vida em vão.
Achei que uma semana depois das eleições presidenciais, seria uma boa altura para elogiar Fernando Nobre e pedir-lhe que não se desvie do seu caminho e continue, por todos, a fazer aquilo que melhor sabe.
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