domingo, 10 de abril de 2011

Carta aberta ao Presidente do FMI

Exmo. Senhor Director Geral
DO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL
Senhor Doutor Dominique Strauss-Kahn
        
Assunto: Ajuda externa a Portugal – Proposta de Investimento Estratégico

Fernando Arrobas da Silva, Médico Dentista, com a cédula profissional número 07579, licenciado pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, vem, muito respeitosamente, expor e requerer a V.Exa. o seguinte:
Portugal, oficialmente República Portuguesa, como é naturalmente do seu conhecimento, é um país localizado na região sudoeste do continente europeu.
Como escreveu Luís Vaz de Camões a nossa “ocidental praia lusitana” possui uma área total de 92 090 Km2 para um total de, aproximadamente, 10 milhões de habitantes.
Apesar da crise económica assoladora em que nos encontramos presentemente, julgo que os tempos de crise devem sempre ser enfrentados, com rigor, mas também como um espaço para novas oportunidades. Portugal, ao longo da sua história de 872 anos de independência, sempre deu inúmeras provas de superação nos momentos mais complicados.
Portugal é um país de pessoas humildes e trabalhadoras. É um país de grandes mestres de literatura e a língua portuguesa está entre as mais faladas do Mundo. É um país incomparável no seu esplendor e qualidade das suas regiões turísticas. É o país de Eusébio, do Mar (...). É o país do Fado.
É também, contudo, e daí a razão desta missiva que lhe escrevo, um país desdentado.
Segundo alguns dados estatísticos apresentados pela credível Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), do ano de 2005, um em cada cinco portugueses já perdeu, pelo menos, dez dentes. Enquanto os adolescentes se queixam sobretudo da falta de alinhamento dentário, o principal motivo apontado pelos adultos é a falta de dentes.
Permita-me, Senhor Director Geral, que junte nesta carta uma pequena explicação decorrente da perda de dentes.

Estas imagens ilustram que, com o tempo, a não reabilitação dos espaços correspondentes ao local dos dentes perdidos, e consequente migração dos dentes remanescentes para esses locais, traduz-se num padrão de posicionamento dos dentes alterado, afectando as funções naturais de fonação e mastigação.
Além disso, criam-se determinados espaços extremamente difíceis de higienizar, o que pode originar cáries e doenças gengivais/periodontais nos dentes adjacentes, levando à perda consequente de mais dentes, no sentido da desdentação total.
As principais funções da cavidade oral são a mastigação, a fonação e a estética.
A perda de dentes origina consequências na saúde dos indivíduos a vários níveis. A alimentação ser composta fundamentalmente de comida mais mole e açucarada, em virtude da falta de eficiência mastigatória, pode ter como consequência, por deficiências nutricionais, outro tipo de doenças metabólicas, como a diabetes ou problemas cardiovasculares, que acrescem em grande número os custos do nosso Sistema Nacional de Saúde.
Pergunto-lhe ainda, Senhor Director Geral, se não é fundamental a confiança que uma pessoa tem em relação a si própria nas suas relações laborais e se a saúde em que se encontra a cavidade oral das pessoas não é um factor determinante.
Dou-lhe a garantia e a minha palavra de honra de que nestas imagens impressionantes que lhe apresento se encontra uma pessoa licenciada, em idade activa, alto quadro de uma das maiores multinacionais e relevantes empresas portuguesas.


Qual é a estética? Qual é a função? Qual é a confiança e integração social de alguém nestas condições? Quais são as inseguranças de uma vida presentes neste “sorriso”? Não sei a resposta a nenhuma destas perguntas.
Mas sei o trabalho em que consiste reabilitar este caso com acesso a técnicas de Implantologia e prótese fixa, ainda numa filosofia de tentar salvar os seus dentes remanescentes, que a natureza lhe deu e que a ética da medicina obriga a proteger.
Senhor Director Geral do Fundo Monetário Internacional, Senhor Doutor Dominique Strauss-Kahn, permita-me que lhe apresente um outro esquema de um plano de tratamento apresentado a um indivíduo que se deslocou à minha consulta. Professor Catedrático de uma conceituada Universidade Portuguesa…com 11 dentes na boca!


Foi Charlie Chaplin quem afirmou "um dia sem sorrir é um dia desperdiçado".
Dias desperdiçados é algo que a nossa economia dispensa. Pergunto-me qual é a perda de produtividade laboral que estas bocas efectivamente representam. Quantas vezes a mão esteve à frente da boca e não na caneta? Mais uma vez, não sei a resposta para estas perguntas.
Porém, sei que o custo de realizar um trabalho desta natureza é elevado e ronda perto dos 20 000 Euros.
Existem, por mera reflexão matemática, pelo menos 2 000 000 de portugueses nesta situação precária. E estou certo que não é o ordenado mínimo que a maior parte destes aufere que lhes permitirá tratar-se convenientemente.
Vossa Excelência mostrou-se disponível a ajudar Portugal através da injecção de capital que permita revitalizar a nossa economia. Já não é a primeira vez que o nosso país atravessa uma crise, não sendo também a primeira vez que o FMI intervém.
Contudo, julgo que existe pelo menos uma lição a retirar. Qualquer que seja o capital investido, tem de o ser feito de forma estratégia e com evidência de objectivos, planos e resultados a curto, médio e longo prazo.
Excelência, peço-lhe, com veemência, invista na boca dos portugueses. Verá que os resultados serão um país menos deprimido, mais feliz consigo próprio e, certamente, mais produtivo.
Num país evoluído, moderno e civilizado exige-se que as bocas estejam tratadas. Se considerarmos que existem 2 000 000 de portugueses a necessitar de um tratamento a rondar este valor, serão necessários 40 000 000 000 (quarenta mil milhões) de Euros. Poderão ainda ser descontados os 25 milhões de Euros que o Estado português, orgulhosamente, afirma que gastou na saúde oral dos portugueses, que continuará a ser apenas aproximadamente menos de metade do que Vossa Excelência se dispõe a injectar na economia e nos bancos portugueses.
Para além de que, ao menos assim, Vossa Excelência tem a garantia de saber onde é que o dinheiro vai parar. E da minha parte asseguro-lhe de que haverá informação permanente do estado do projecto e do investimento e prestação de contas.

Termos em que se requer a V.Exa.:
a)   Na necessidade de resolver o futuro do país o mais rápido que possível, sob pena de os portugueses ficarem perpetuamente sem saúde e sem dentes, peço-lhe que transfira 399 750 000 000  (trezentos e noventa e nove mil setecentos e cinquenta milhões) de Euros para a minha conta com o NIB: 0036 0199 99100045186 02 para que eu possa iniciar este árduo trabalho de pôr Portugal, na prática, a sorrir de novo. E, desta feita, verdadeiramente.

 
Espero Deferimento

Agradecendo antecipadamente a atenção dispensada,
Sem outro assunto de momento,

Subscrevo-me com as mais cordiais saudações europeístas,

Fernando Arrobas da Silva